Não escrevo tão bem na prosa ou no verso: os meus estados de espírito, minhas sensações, estimas e afetos. Mas sinto, a lágrima quente descer silenciosa, escuto uma sístole, vejo lama, ouço os dramas: rolaram vidas, também camas, veio doída uma diástole, audiência trágica essa televisiva, repentina,triste fama anônima: mortos. vivos. mortos-vivos...agora ouço,dezenas estão desaparecidos, são 500 mortos!
Retumba acelerado sistole-diástole-lágrimas, sístole-diastole-lagrimas, 500 vezes. Não chego perto dos que ouvem, vem e sentem a sístole do Desabamento, a diástole de estar vivo, a salvo ou nos escombros, aguardando ansiosamente ser salvo, as lágrimas daqueles que perderam tudo, tudo mesmo, vidas construídas em famílias, lar e calma.
Pensarás, ah! mais uma indignação...ano que vem tem mais...no sudeste ou no nordeste, tanto faz.. Era assim no início, agora e sempre, Amém!
desabei e isso veio do coração à boca:
Vivos, em segundos mortos,
zune nos minutos das lágrimas,
há sobrevida por horas nos gritos dos escombros,
Das vidas que aguardam renascer na solidariedade,
sobreviver nas tragédias é a maior demonstração que a resiliência do brasileiro é testada todos os anos,
pelas transiçoes pluviométricas em perene descaso político.
*Escrito por Samira Mêrces dos Santos
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