sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Desgraça e Sadismo andam lado a lado no Maranhão

Prazer em ver o sofrimento alheio. Isto é o que acontece na comunidade quilombola de Depósito, município de Brejo. Inserida numa área de 777 hectares, a comunidade é formada por 22 famílias. Depois de anos de conflitos com a proprietária, apenas 5 famílias continuam residindo no território. As outras 17 famílias estão espalhadas ao redor da fazenda, e apenas trabalham na terra.
O sadismo tem um nome: Maria Vitória Lages. A proprietária da fazenda (que reside na cidade de Campo Maior-PI) é a algoz daquela comunidade. Desde 2007, a proprietária cumpre um ritual sagrado: queimar as roças dos quilombolas e presenciar os fatos. Isso mesmo. Ao longo desses anos, com ou sem força policial, na época da colheita, a Sra. Maria Vitória vai à fazenda para destruir o plantio da comunidade. Consta asseverar que na fazenda, não existe nenhum linha de roça plantada pela proprietária. Nenhum cultivo de árvores frutíferas. Nenhum projeto de extrativismo de carnaúbas (comuns na região). Apenas umas poucas cabeças de gado.
Se não bastasse toda a desgraça sofrida por essas famílias, suas lideranças ainda são criminalizadas por reivindicarem seu direito. Além das ações possessórias intentadas pela Sra. Maria Vitória, várias ações criminais e cíveis foram ajuizadas. Todas com incrível celeridade processual. Por outro lado, os vários Boletins de Ocorrência registrados pela comunidade ficaram apenas no registro. Não me arrisco a dar uma resposta...
A realidade das cinco famílias que ainda persistem em residir na localidade é de entristecer e amolecer os corações mais gélidos. Casas de pau a pique, cobertas de palhas, a beira do Rio Parnaiba. Sem energia elétrica, sem agua potável, dão o aspecto de miserabilidade ao local. Por intransigência da proprietária, as políticas públicas essenciais não chegam na comunidade.
Ver a luta daquelas famílias em continuar no seu território, em que pese todas as forças (oficiais e extra-oficiais) contrárias, fortalece ainda mais a nossa luta. A comunidade agora encontrou parceiros que darão suporte e assessoria necessários para os enfrentamentos sociais, administrativos e judiciais. Não tenho dúvidas de que sairão vitoriosos.

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