Imagem retirada da Internet
Foi noticiado na noite do sábado (14) que mais um trabalhador rural foi executado no Estado do Maranhão, na cidade de Buriticupu, região sudoeste do Estado.
Segundo informações preliminares colhidas, a vítima, Raimundo Alves Borges (conhecido como "Raimundo Cabeça"), que era liderança camponesa e presidente da Associação do Assentamento Terra Bela, naquele município, fora alvejado por vários tiros, por volta das 18 horas, nas imediações de sua residência. A vítima era pai de 13 filhos. Todos moravam no assentamento.
Conforme algumas testemunhas, o Sr. Raimundo Alves foi executado por dois homens em uma moto, enquanto retirava obstáculos que foram colocados na estrada que dá acesso ao assentamento. Raimundo Alves não teve qualquer chance de defesa. Foram disparados contra ele vários tiros. Sua morte foi instantânea.
O Sr. Raimundo Cabeça vinha denunciando, sistematicamente, várias ações de grileiros que compravam e vendiam terras destinadas para a reforma agrária (o que é vedado por lei). Além disso, o mesmo era réu em várias ações possessórias movidas por fazendeiros e grileiros da região. No próximo dia 26 de abril está marcada audiência de instrução e julgamento em uma das ações possessórias que o Sr. Raimundo Cabeça era réu.
Não se tem informações de que o Sr. Raimundo Cabeça tinha desentendimentos ou desavenças com terceiros. Seus posicionamentos eram firmes no tocante aos conflitos agrários na região. Assim, as suspeitas de que sua execução esteja relacionada com a questão agrária são muito fortes.
Várias lideranças (rurais e urbanas) do Fórum de Políticas Públicas de Buriticupu vem sendo ameaçadas por conta dos conflitos agrários e com os madeireiros da região. Os nomes dessas pessoas ameaçadas estariam circulando pela cidade e já teriam sido informados às autoridades locais.
Conforme dados da Comissão Pastoral da Terra/MA, o assassinato do Sr. Raimundo Cabeça é o de número 247 em conflitos agrários nos últimos 25 anos no Estado. Em 2011, a CPT estadual registrou 223 ameaçados, com mais de 100 pessoas ameaçadas de morte.
Aguardamos nas próximas horas as manifestações das autoridades públicas sobre mais esse crime contra os direitos humanos no Estado do Maranhão.
Igor Almeida, com informações de Diogo Cabral, advogado da CPT/MA
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