Magno Cruz, falecido em 2010
Há muito se fala sobre a Promoção da
Igualdade Racial, sobre a efetividade de Políticas Públicas para o povo negro e
outras coisas afins. Essa luta é algo constante e secular e que não tem a
mínima previsão de quando será extinta da sociedade, pois ainda hoje, imperam o
racismo, o preconceito (racial) e outras formas de segregação por causa da pele
negra. Dias como o “20 de novembro” e o “13 de maio” surgem como vias de
escapes para discussões de tais temáticas que deveriam ser discutidas durante todo
o ano.
Mas, é preciso destacar as
personalidades que fizeram desta luta o seu ideal de vida aqui na Ilha Negra de
São Luís e que merecem profundo respeito por parte dessa história que insiste
em nos deixar de fora.
Em plena escravidão e/ou um curto
período de tempo após a falsa abolição podemos destacar as lendárias Catarina
Mina, Adelina Charuteira, Joana Apaga Fogo e Amélia (Princesa da Calçada do
Açougue). Como não lembrar o ícone da literatura brasileira, perdida nos
acervos da biblioteca por anos e anos, Maria Firmina dos Reis, aquela que a mente
ninguém jamais escravizou.
Ainda falando de mulheres guerreiras
deve-se total respeito à saudosa e inesquecível Maria Aragão, e sua ideologia
revolucionária; a Silvia Cantanhede e sua mente brilhante; a professora Ieda
Batista, militante histórica do Partido dos Trabalhadores; a Maria do Rosário
Carvalho pelo conjunto de sua vasta obra merecendo destaque o premiadíssimo livro
Boboromina; a Maria Michol Carvalho, defensora fiel da nossa cultura popular; a
Mãe Dudu, Mãe Celeste, Mãe Lúcia, Mãe Andressa, chefas das Casas de resistência
Nagô e Minas, e, a Dona Teté, a rainha do cacuriá e das caixas do divino.
Uma lista exemplar de pessoas
inspiradoras: Mundinha Araújo, a guerreira que faz histórias; Magno Cruz, o
militante irreverente; Ivan Rodrigues, o homem dos quilombos e mocambos; Professor
Doutor Luizão (Luís Alves Ferreira), o filho mais ilustre de Saco das Almas;
Professora Doutora Lourdinha Siqueira, abençoada pelo axé dos terecôs de Codó; João
Francisco dos Santos e seu ideal comunista; Professor Doutor Carlos Benedito
Rodrigues da Silva, herdeiro dos ritmos de identidade que alimentam este chão; Maria
da Guia Viana, a mulher das aldeias indígenas, Socorro Guterres, pela cidade e
pela diversidade; Rose Sales, a parlamentar (negra) que revoluciona a Câmara
Municipal.
Nossa religiosidade sempre foi uma forma
de afirmação de identidade: Aos babalorixás Jorge Itacy, Euclides Talabyan,
Mariano Frazão,Wender Oliveira e as Ialorixás Luza Brandão, Venyna D’Ogum,
Bahia de Potiguara, Patrocina da Rua da Vala,Edmeia, Mariinha. As benzedeiras e
rezadeiras Joana da Fé em Deus, Maria de Enésio e Dona Leonete.
Ana Amélia Mafra, a simplicidade e a
genialidade; Marta Andrade e Lucinha, guerrilheiras do Akoni; Ivana Braga e o
magnífico trabalho da Rede Amiga da Criança; Joana Carla, Gilmar, Pretinha,
Eunice, Gerson Conrado, Werlys, Luiza Helena, Heloísa, Acimar, Elizete, Edvaldo
Costa e Antônio Henrique e suas performances no Abanjá; Ana Amélia Bandeira
Barros, gênio forte e filha da periférica Fé em Deus; Alberto Euzamor, Luís
Senzala e Mestre Bamba, a resistência da capoeira; Célia Sampaio,Santa Cruz, Zé
Lopes,Fabiana Dias, Banda Guethos,as expressões do Reggae do Maranhão; Gisele
Padilha, Paulinho Akomabu, Tadeu de Obatalá, Rosana Alves, Lílian, Robinho,
Walkerleny Soeiro, vozes do Gigante Negro Akomabu e seus quase 30 anos de afoxé
por onde passaram mestres como Guará, Eliezer e Augusto Nassa.
Respeito aos ícones da nossa Música:
Alcione Nazareth, A Marrom que conquistou o mundo; Rosa Reis, filha do
Laborarte com seus recém completados 40 anos; Rose Maranhão e Sami do Cavaco,
vozes que tantas vezes alegraram os desfiles da Flor do Samba; Fátima Passarinho
com seu mais belo canto; Escrete, o poeta do Canto Afro; Patativa e Zé Pivó, o
que há de melhor na nossa musicalidade; Didã, negra do amor brotando; Dicy
Rocha, beleza de corpo, voz e alma; Célia Maria e seu canto de ouro negro; Chico
Pinheiro, o maestro; Luís Carlos Guerreiro e o seu canto kizombeiro; Boscotô,
Serrinha, Jaílson Pereira, Negro Jó, Joka e Valdinar, vozes do nosso samba;
Rita Ribeiro/Benneditto e a sua tecnomacumba; Alberto Campos Jr e seus
brilhantes comentários musicais. Aos compositores e cantores Joãozinho Ribeiro,
Antônio Vieira, João do Vale, Cristovão Alô Brasil, Lopes Bogéa, Gerô,César
Teixeira, Betto Pereira,Zeca Melo, Luciana Pinheiro,Herivelto Nunes e Fernanda
Garcia com suas coisas e poesias de negros.
Salve Humberto de Maracanã, Coxinho,
Eliezio de Cururupu, Chagas da Maioba, João Chiador, Ronaldinho, Leonardo, Apolônio,
João Nazareth, Anivô, Felipe, nossos maiores e melhores mestres.
Há que se destacar o Ten. Cel. Sá,
militar exemplar a frente do 8º Batalhão de Polícia; a saudosa doceira Dona
Rufina do João Paulo; os jornalistas Regina Sousa, José Raimundo Rodrigues e Joel
Jacinto e os radialistas Marcos Vinicius, Helena Leite e Ricardo Baty pelo
talento nas comunicações; os Padres Paulo e Inaldo Cruz,representantes atuantes
dos movimentos sociais da Igreja Católica; os modelos Cadu Rodrigues e Camila
Ribeiro por nos levarem a todos os cantos do planeta com seus portfólios; Denilton
Neves, Charles Júnior, Adeilson Santos, Arilson
Ferreira, Domingos Tourinho, Lucia Gato,Déo Garcez atores maranhenses de grande
prestígio e sucesso;os atletas Kleber Pereira, Iziane e Kauê Ferreira levando
nosso esporte ao mundo inteiro; Manoel Rubim, o gênio negro da Receita Federal
e aos brilhantes Bira do Pindaré e Professor Lisboa, políticos que nos
engrandecem.
Preto Ghóez, Preto Nando e seu Clã
Nordestino; Quilombo Urbano, Gíria Vermelha, COMAFRO, UNEGRO, Garotinhos
Beleza, Grupo de Mulheres Mãe Andresa e Maria Firmina; Bloco Afro Abibimã,
Ominirá, Juremê, Abiyéyé Maylô, Didara, Aruanda, GDAM (e o grande Adão), Netos
de Nanã, Officina Affro (sob o talento de Valdecir Valle e Zumbi Bahia), Deusas
de Olorum, Ajayô, Movimento Classe e Raça (com os grandes Hertz Dias e
Claudiceia Durans), Noleto, Marcos Silva e seu PSTU; Ilma de Fátima e Adomair, Silvio
Bembem, Carlos César (Caoca), Marinildes Martins, Claudia Gouveia, Carmen, Josanira
da Luz, Silvia Pinheiro, Soraia Cruz, Richard Christian, Aniceto Cantanhede,
Ligia Santos, Fátima Sousa, Raimundinho, Igor Almeida, Silvia Serrão, Milson
Oniletó, Jô Brandão, Ivo Fonseca, Professor Álvaro, Carlos Sérgio de Oxalá,
Maurício Paixão, Luis Antonio Pedrosa, Jorrimar Carvalho, Ribamar Nascimento, pessoal
que têm se dedicado a (re) construir nossa história.
Enfim, muitos outros negros têm ajudado
a traçar tal história dia após dia com suor do seu rosto, muitos negros que
talvez não coubesse nesse texto.
Tantos negros que minimamente fazem a
diferença nas famílias dessa Ilha Negra de São Luís. Tantos negros que sem que
soubessem também têm mudado nossa história com seus exemplos e dignidades.
É este o objetivo do dia Nacional da
Consciência Negra: Valorizar a nossa gente lhe dando oportunidades e
dignidades. Muito nos foi tirado, mas, com nosso esforço nos foi devolvido e
será devolvido, pois RESISTIR é o nosso propósito de vida.
Axé! Muito Axé!
Raydenisson
Sá
Bacharel em Direito/Militante
do Centro de Cultura Negra do Maranhão
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