segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ilha Negra de São Luís e a Consciência Negra


Magno Cruz, falecido em 2010


Há muito se fala sobre a Promoção da Igualdade Racial, sobre a efetividade de Políticas Públicas para o povo negro e outras coisas afins. Essa luta é algo constante e secular e que não tem a mínima previsão de quando será extinta da sociedade, pois ainda hoje, imperam o racismo, o preconceito (racial) e outras formas de segregação por causa da pele negra. Dias como o “20 de novembro” e o “13 de maio” surgem como vias de escapes para discussões de tais temáticas que deveriam ser discutidas durante todo o ano.
Mas, é preciso destacar as personalidades que fizeram desta luta o seu ideal de vida aqui na Ilha Negra de São Luís e que merecem profundo respeito por parte dessa história que insiste em nos deixar de fora.
Em plena escravidão e/ou um curto período de tempo após a falsa abolição podemos destacar as lendárias Catarina Mina, Adelina Charuteira, Joana Apaga Fogo e Amélia (Princesa da Calçada do Açougue). Como não lembrar o ícone da literatura brasileira, perdida nos acervos da biblioteca por anos e anos, Maria Firmina dos Reis, aquela que a mente ninguém jamais escravizou.
Ainda falando de mulheres guerreiras deve-se total respeito à saudosa e inesquecível Maria Aragão, e sua ideologia revolucionária; a Silvia Cantanhede e sua mente brilhante; a professora Ieda Batista, militante histórica do Partido dos Trabalhadores; a Maria do Rosário Carvalho pelo conjunto de sua vasta obra merecendo destaque o premiadíssimo livro Boboromina; a Maria Michol Carvalho, defensora fiel da nossa cultura popular; a Mãe Dudu, Mãe Celeste, Mãe Lúcia, Mãe Andressa, chefas das Casas de resistência Nagô e Minas, e, a Dona Teté, a rainha do cacuriá e das caixas do divino.
Uma lista exemplar de pessoas inspiradoras: Mundinha Araújo, a guerreira que faz histórias; Magno Cruz, o militante irreverente; Ivan Rodrigues, o homem dos quilombos e mocambos; Professor Doutor Luizão (Luís Alves Ferreira), o filho mais ilustre de Saco das Almas; Professora Doutora Lourdinha Siqueira, abençoada pelo axé dos terecôs de Codó; João Francisco dos Santos e seu ideal comunista; Professor Doutor Carlos Benedito Rodrigues da Silva, herdeiro dos ritmos de identidade que alimentam este chão; Maria da Guia Viana, a mulher das aldeias indígenas, Socorro Guterres, pela cidade e pela diversidade; Rose Sales, a parlamentar (negra) que revoluciona a Câmara Municipal.
Nossa religiosidade sempre foi uma forma de afirmação de identidade: Aos babalorixás Jorge Itacy, Euclides Talabyan, Mariano Frazão,Wender Oliveira e as Ialorixás Luza Brandão, Venyna D’Ogum, Bahia de Potiguara, Patrocina da Rua da Vala,Edmeia, Mariinha. As benzedeiras e rezadeiras Joana da Fé em Deus, Maria de Enésio e Dona Leonete.
Ana Amélia Mafra, a simplicidade e a genialidade; Marta Andrade e Lucinha, guerrilheiras do Akoni; Ivana Braga e o magnífico trabalho da Rede Amiga da Criança; Joana Carla, Gilmar, Pretinha, Eunice, Gerson Conrado, Werlys, Luiza Helena, Heloísa, Acimar, Elizete, Edvaldo Costa e Antônio Henrique e suas performances no Abanjá; Ana Amélia Bandeira Barros, gênio forte e filha da periférica Fé em Deus; Alberto Euzamor, Luís Senzala e Mestre Bamba, a resistência da capoeira; Célia Sampaio,Santa Cruz, Zé Lopes,Fabiana Dias, Banda Guethos,as expressões do Reggae do Maranhão; Gisele Padilha, Paulinho Akomabu, Tadeu de Obatalá, Rosana Alves, Lílian, Robinho, Walkerleny Soeiro, vozes do Gigante Negro Akomabu e seus quase 30 anos de afoxé por onde passaram mestres como Guará, Eliezer e Augusto Nassa.
Respeito aos ícones da nossa Música: Alcione Nazareth, A Marrom que conquistou o mundo; Rosa Reis, filha do Laborarte com seus recém completados 40 anos; Rose Maranhão e Sami do Cavaco, vozes que tantas vezes alegraram os desfiles da Flor do Samba; Fátima Passarinho com seu mais belo canto; Escrete, o poeta do Canto Afro; Patativa e Zé Pivó, o que há de melhor na nossa musicalidade; Didã, negra do amor brotando; Dicy Rocha, beleza de corpo, voz e alma; Célia Maria e seu canto de ouro negro; Chico Pinheiro, o maestro; Luís Carlos Guerreiro e o seu canto kizombeiro; Boscotô, Serrinha, Jaílson Pereira, Negro Jó, Joka e Valdinar, vozes do nosso samba; Rita Ribeiro/Benneditto e a sua tecnomacumba; Alberto Campos Jr e seus brilhantes comentários musicais. Aos compositores e cantores Joãozinho Ribeiro, Antônio Vieira, João do Vale, Cristovão Alô Brasil, Lopes Bogéa, Gerô,César Teixeira, Betto Pereira,Zeca Melo, Luciana Pinheiro,Herivelto Nunes e Fernanda Garcia com suas coisas e poesias de negros.
Salve Humberto de Maracanã, Coxinho, Eliezio de Cururupu, Chagas da Maioba, João Chiador, Ronaldinho, Leonardo, Apolônio, João Nazareth, Anivô, Felipe, nossos maiores e melhores mestres.
Há que se destacar o Ten. Cel. Sá, militar exemplar a frente do 8º Batalhão de Polícia; a saudosa doceira Dona Rufina do João Paulo; os jornalistas Regina Sousa, José Raimundo Rodrigues e Joel Jacinto e os radialistas Marcos Vinicius, Helena Leite e Ricardo Baty pelo talento nas comunicações; os Padres Paulo e Inaldo Cruz,representantes atuantes dos movimentos sociais da Igreja Católica; os modelos Cadu Rodrigues e Camila Ribeiro por nos levarem a todos os cantos do planeta com seus portfólios; Denilton Neves, Charles Júnior, Adeilson Santos, Arilson Ferreira, Domingos Tourinho, Lucia Gato,Déo Garcez atores maranhenses de grande prestígio e sucesso;os atletas Kleber Pereira, Iziane e Kauê Ferreira levando nosso esporte ao mundo inteiro; Manoel Rubim, o gênio negro da Receita Federal e aos brilhantes Bira do Pindaré e Professor Lisboa, políticos que nos engrandecem.
Preto Ghóez, Preto Nando e seu Clã Nordestino; Quilombo Urbano, Gíria Vermelha, COMAFRO, UNEGRO, Garotinhos Beleza, Grupo de Mulheres Mãe Andresa e Maria Firmina; Bloco Afro Abibimã, Ominirá, Juremê, Abiyéyé Maylô, Didara, Aruanda, GDAM (e o grande Adão), Netos de Nanã, Officina Affro (sob o talento de Valdecir Valle e Zumbi Bahia), Deusas de Olorum, Ajayô, Movimento Classe e Raça (com os grandes Hertz Dias e Claudiceia Durans), Noleto, Marcos Silva e seu PSTU; Ilma de Fátima e Adomair, Silvio Bembem, Carlos César (Caoca), Marinildes Martins, Claudia Gouveia, Carmen, Josanira da Luz, Silvia Pinheiro, Soraia Cruz, Richard Christian, Aniceto Cantanhede, Ligia Santos, Fátima Sousa, Raimundinho, Igor Almeida, Silvia Serrão, Milson Oniletó, Jô Brandão, Ivo Fonseca, Professor Álvaro, Carlos Sérgio de Oxalá, Maurício Paixão, Luis Antonio Pedrosa, Jorrimar Carvalho, Ribamar Nascimento, pessoal que têm se dedicado a (re) construir nossa história.
Enfim, muitos outros negros têm ajudado a traçar tal história dia após dia com suor do seu rosto, muitos negros que talvez não coubesse nesse texto.
Tantos negros que minimamente fazem a diferença nas famílias dessa Ilha Negra de São Luís. Tantos negros que sem que soubessem também têm mudado nossa história com seus exemplos e dignidades.
É este o objetivo do dia Nacional da Consciência Negra: Valorizar a nossa gente lhe dando oportunidades e dignidades. Muito nos foi tirado, mas, com nosso esforço nos foi devolvido e será devolvido, pois RESISTIR é o nosso propósito de vida.
Axé! Muito Axé!
Raydenisson Sá

Bacharel em Direito/Militante do Centro de Cultura Negra do Maranhão

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