Hoje (07), saí de São Luís para uma reunião na comunidade quilombola de Tanque de Valença, no município de Matinha. O encontro contava com a participação do INCRA, e tinha como objetivo consultar a comunidade sobre o início do processo de elaboração de laudo antropológico contratado pelo Governo Federal, ainda no ano de 2011.
Tanque de Valença está situado na região da "Baixada Maranhense", também conhecida como a "Região dos Lagos Maranhenses". Como este nome sugere, a região é rica em lagos, igarapés, rios, que inundam campos inteiros por mais de 8 meses, possibilitando não apenas uma grande diversidade de fauna e flora, mas também a sobrevivência de milhares de famílias de camponeses e comunidades tradicionais.
Porém, na viagem, um cenário desolador. Onde, costumeiramente, existiam lagos e lagoas perenes, hoje vi uma vegetação extremamente seca e o solo rachado. Campos naturais alagáveis completamente secos. Tanques de criação de peixe em cativeiro, idem. Gado, magro, tentava encontrar algum capim verde para se alimentar. Esse foi o cenário em boa parte do trajeto até o município de Matinha.
Esse relato poderia se adequar perfeitamente a outras regiões do Estado (como Cocais) mais acostumadas a períodos de estiagem mais longo. Contudo, em se tratando da baixada, temos a real noção de como este ano foi mesmo um dos mais secos da história da região centro-norte do Maranhão.
Chegando à comunidade, o cenário era o mesmo. Vegetação rasteira seca. O verde das árvores mais robustas e antigas dá a falsa impressão de que 2012 não foi (em muitos lugares, ainda está sendo) um ano das piores secas em todo o Maranhão.
Quilombolas da comunidade me disseram que a lagoa da comunidade chegou ao nível mais baixo dos últimos 30 anos. Antonio Dias, presidente da associação do quilombo, me disse que "essa lagoa só secou tanto assim quando eu era criança; quando tinha 10 anos". Exatamente em 1982.
Esse cenário, felizmente, começa a mudar. Timidamente, as primeiras gotas de chuva começam a cair na região. No meu retorno para São Luís, um "pé d´água" de cerca de 10 minutos desabou sobre os municípios de Viana e Vitória do Mearim.
O Governo do Estado propõe um polêmico projeto de construção de diques nos campos da baixada maranhense, com o objetivo de conter a água salgada para os campos e reter a água doce nos campos por um período de cerca de seis meses (segundo informações da Secretaria de Agricultura do Maranhão). Ver mais sobre o projeto aqui.
O projeto é polêmico porque ainda não se sabe quais os reais impactos ambientais e para as populações tradicionais que há séculos convivem com o vai e vem das águas. Além disso, quem, REALMENTE, o projeto dos diques vai beneficiar? Os grande "fazendeiros de peixes"?
O Governo do Estado propõe um polêmico projeto de construção de diques nos campos da baixada maranhense, com o objetivo de conter a água salgada para os campos e reter a água doce nos campos por um período de cerca de seis meses (segundo informações da Secretaria de Agricultura do Maranhão). Ver mais sobre o projeto aqui.
O projeto é polêmico porque ainda não se sabe quais os reais impactos ambientais e para as populações tradicionais que há séculos convivem com o vai e vem das águas. Além disso, quem, REALMENTE, o projeto dos diques vai beneficiar? Os grande "fazendeiros de peixes"?
Meus votos são de um 2013 com muita água caindo do céu para que o povo maranhense possa produzir e esquecer terrível ano que finda.
Mas... São Pedro, só não vale repetir 2009, ok?
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