Há algum tempo quero escrever estas palavras. O caso do advogado Gustavo Zanelli foi o estopim.
Para quem [ainda] anda por fora do assunto, o advogado paranaense está sendo acusado de ter postado em sua página pessoal do facebook mensagens ofensivas aos nordestinos e, em especial, aos maranhenses. Em uma das postagens, chegou a dizer que promoveria uma guerra para separar o norte e o nordeste do resto do país. O caso já está sendo acompanhando pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Maranhão. (Mais informações, matéria do G1).
A postura do advogado, se comprovada as postagens, é extramente repugnante, ainda mais vindo de alguém que deveria lutar pelos direitos humanos e pelo Estado Democrático de Direito. O caso é bastante semelhante ao da estudante Mayara Petruso, que em 2010 postou mensagens ofensivas aos nordestinos no twitter. No ano passado, a estudante foi condenada pela Justiça Federal. (Leia aqui).
Nos últimos anos, o Maranhão tem recebido muitos profissionais de outros Estados, que buscam oportunidades de trabalho nas mais diversas áreas. Conheço "estrangeiros" que vieram para o Maranhão, se apaixonaram por esse Estado, e trabalham, dia e noite, para ver o sorriso no rosto de cada cidadão e cidadã dessa terra. Minha noiva é mineira, e certamente trabalha muito mais pelos maranhenses do que muitos de meus conterrâneos.
Esses brasileiros chegam para somar conosco. Oxigenam e trazem novos pontos de vista, outras visões, e compartilham conosco suas experiências. De modo dialógico, aprendermos mutuamente.
Agora, o que não dá pra admitir é que pessoas de outros Estados, de todas as regiões, venham trabalhar no Maranhão, principalmente no serviço público, e não façam o mínimo esforço para mudar a nossa (triste) realidade. Além disso, ainda tecem críticas e comentários como os que estão sendo imputados ao advogado paranaense.
Críticas propositivas são sempre muito bem vindas, tanto por parte dos "estrangeiros", quanto por parte dos próprios maranhenses. O que é inadmissível, como já mencionei, é a exploração do nosso povo e das nossas riquezas, e ainda posar com ar de uma bestial superioridade regional.
Inegável o grau de desenvolvimento humano alcançado pelos municípios do sul e sudeste. Porém, é impossível dizer que "nordestino é vagabundo", que "maranhense é tudo preguiçoso" sem compreender todo o processo histórico que deixou o centro-norte do país longe das políticas de inclusão social e econômica, o que vem acontecendo apenas nos últimos anos (e talvez seja um dos motivos da ira de alguns xenófobos).
Devemos estar imbuídos do espírito do Paulo Freire. Não queremos virar opressores. Não queremos nos transformar em um estado que repele imigrantes. Longe disso. Nós, maranhenses comprometidos com a efetiva transformação desse Estado, abrimos os braços a todos os nossos irmãos e irmãs brasileiros e brasileiras que querem colaborar conosco nessa empreitada.
Alguns me chamam de bairrista. Sou apenas um apaixonado pelo Maranhão.
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