Reunião sobre situação do Quilombo Barro Vermelho
Foi realizada no dia 28 de fevereiro, uma reunião solicitada pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos para discutir a implementação de políticas públicas para o quilombo Barro Vermelho. A reunião é decorrente de uma audiência pública realizada na sede da Prefeitura Municipal no dia 07 de fevereiro.
A reunião foi articulada pela Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial e contou com a participação dos secretários de saúde (Charles Bacelar), educação (Francejane Magalhães), assistência social (Francisco das Chagas Lima Paiva), além do secretário adjunto de meio ambiente (George Gomes) e da assessora especial em Brasília (Izamara Menezes). Apesar do convite, a secretaria de obras do município não compareceu à reunião.
A secretária de promoção da igualdade racial, Chiquinha Pessoa abriu a reunião, relatando aos secretários que esteve pessoalmente na comunidade quilombola de Barro Vermelho e viu a situação de completo descaso que aqueles quilombolas vivem.
Secretários Municipais de Chapadinha
Os representantes da associação quilombola, Sr. José Orlando e Sr. Sebastião Pereira reforçaram o que já haviam dito na audiência pública sobre a situação do quilombo. Manifestaram preocupação com a situação das crianças do ensino infantil, que estão tendo aula em um barracão improvisado construído pelos moradores. Além disso, expuseram que as crianças e jovens que estudam em outros povoados estão com dificuldades em se deslocar, haja vista que não existe a possibilidade de que o transporte escolar entre na comunidade, tendo em vista as péssimas condições da estrada. Relataram também da inexistência de água potável para a comunidade (eles bebem água retirada diretamente do Rio Munim), dos desmatamentos ilegais e da irregularidade da visita da agente comunitária de saúde.
No que tange à educação, vale ressaltar que, na administração passada, uma escola chegou a ser construída, mas a comunidade se recusou a utilizá-la pelos seguintes motivos: 1 - ela foi construída distante (quase 3 km) do núcleo da comunidade e não foram proporcionadas melhorias na estrada de acesso da comunidade (no período de inverno, a estrada alaga completamente); 2 - a escola fica de frente para a residência do suposto proprietário, o que torna o mesmo uma espécie de "vigia" dos atos dos quilombolas; 3- a escola leva o nome "Roberto Leite Fernandes", um dos algozes das famílias quilombolas, responsável por processos criminais, intimidações e ameaças contra os moradores. Sem dúvida, uma violência assustadora contra Barro Vermelho.
Advogado da SMDH e quilombolas de Barro Vermelho
Após a exposição dos problemas, alguns secretários se manifestaram pela dificuldade da implementação de algumas políticas para a comunidade porque a mesma não possui ainda o título de propriedade do imóvel, e assim fica impedida de doar parte da área para a construção desses equipamentos públicos. Ademais, diante do atual estágio da relação conflituosa entre a comunidade e o suposto proprietário, é impossível que este ceda parte do imóvel para a prefeitura.
Depois os debates e problematizações, foram dados os seguintes encaminhamentos:
1 - A secretaria de saúde solicitou que os quilombolas fizessem uma reclamação formal da irregularidade das visitas da agente comunitária de saúde. Ainda, expressou a possibilidade de construção de um posto de saúde, após os estudos de viabilidade de sua implantação;
2 - A secretaria de meio ambiente tomou ciência das denúncias e se comprometeu de, na próxima segunda feira (04), procurar a Secretaria de Estado de Meio Ambiente para se informar quais os documentos e licenças municipais apresentados pelo proprietário da draga para a concessão da licença, fornecidos em 2012;
3 - A secretaria de educação se comprometeu:
3.1 - realizar uma visita na comunidade quilombola de Barro Vermelho no dia 07 de março (quinta), para verificar in loco as condições do barracão que funciona a escola infantil e analisar a possibilidade de melhorar as condições de estudo das crianças;
3.2 - dialogar, o mais rápido possível, com a Secretaria de Obras e a Prefeita Municipal para a construção da estrada de acesso para a comunidade, e, a partir daí, poder fornecer o transporte escolar para os adolescentes e jovens da comunidade.
3.3 - avaliar a possibilidade, junto ao Ministério da Educação, da construção de uma nova escola, no interior da comunidade.
Por fim, será agendada nova reunião, no mês de março, para a discussão da efetivação das outras políticas públicas.
Fotos: ASCOM - Prefeitura Municipal de Chapadinha
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