sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um 2012 cheio de revoluções!


Último post do ano. É muito difícil fazer uma retrospectiva assim, de última hora, já no início da madrugada do 31 de dezembro. Por isso, apenas poucas palavras.

2011, como todo ano, veio recheado de alegrias, tristezas, decepções, conquistas, vitórias. Um ano de muito trabalho, oriundo, em grande parte, de mãos calejadas, trabalhadoras, suadas, de posseiros tradicionais, quilombolas e indígenas, que querem demonstrar aos gestores públicos que seu modo tradicional de vida é capaz de desenvolver o Estado e de preservar a vegetação e o ecossistema de modo sustentável, o que vem ocorrendo por séculos e séculos.

Foi um ano de importantes vitórias no Judiciário maranhense para setores do campo. Poder que, em boa parte, ainda está atrelado aos interesses de grandes empresas e grupos oligárquicos municipais. Aos poucos (gostaríamos que fosse em uma velocidade bem maior), a Justiça maranhense torna-se um poder mais republicano.

2011 será lembrado também como o ano da Primavera Árabe, que também contaminou outras partes do mundo. No Maranhão não foi diferente. A "primavera quilombola" chamou a atenção de todo o país (inclusive das altas autoridades do governo federal) para a inércia do Estado em titular seus territórios e a violência sistematicamente cometida contra este povo. É bem verdade que não se obteve, de imediato, a plenitude das reivindicações. Contudo, o movimento quilombola (no qual se juntaram também os camponeses, sem-terras e indígenas) foi importante porque demonstrou aos gestores públicos que a sociedade civil organizada continua desempenhando um papel que sabe fazer como ninguém: denunciar as mazelas sociais e reivindicar seus direitos.

Impossível também não lembrar do legítimo (e exitoso) movimento de reivindicação de melhores salários e condições de trabalho dos policiais militares e bombeiros do Maranhão. O movimento teve empatia e adesão da população local, ao contrário do que queria o governo estadual, que fez uma guerra suja de informação, espalhando o terror de arrastões pelas ruas; de que a sociedade maranhense seria a mais prejudicada.

Como abordei em um post recente (aqui), no que tange à reforma agrária executada pelos governos, esse será um ano para ser esquecido. Nem os recentes decretos desapropriatórios assinados pela presidenta Dilma no apagar das luzes foram capazes de dar alento a milhares de famílias que ainda esperam por um pedaço de terra para sobreviverem.

Em âmbito estadual, o decepcionante cenário permaneceu. Órgão fundiário com parco orçamento e instabilidade política na presidência do ITERMA impossibilitaram qualquer atuação contundente na regularização fundiária. Mais uma vez, o Estado do Maranhão deu as costas para o homem do campo. Não é à toa, somos a unidade da federação que mais exporta mão de obra escrava; que mais desmatou nos últimos dez anos; que tem os piores indicadores sociais; que vê aumentar em mais de 380% o índice de homicídios; etc.

Bom. 2012 bate às nossas portas. Infelizmente, os números apresentados, tanto pelo governo federal, quanto pelo governo estadual, não são animadores. Resta a esperança de que possamos reproduzir aqui as revoluções que contaminaram o mundo neste ano, pois só assim o Estado Brasileiro é capaz de dar uma resposta a quem interessa: o seu sofrido povo.

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